segunda-feira, 11 de março de 2013

A Língua Portuguesa nos Currículos e Final do Século

Texto de Marildes Marinho, resultado de trabalho realizado por uma equipe do Ceale (Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da FaE/UFMG).


O título do texto é na verdade uma provocação feita aos leitores para que façam uma reflexão sobre o ensino de Língua Portuguesa produzido por nossas propostas curiculares durante as últimas duas décadas. Por esta razão, a autora faz menção aos currículos de diversos estados do Brasil, fazendo alguns apontamentos pessoais e analisando-os de acordo com seu conteúdo específico (conceitos e definições) e seus componentes políticos (que se alteram conforme as alterações no mundo) que desencadeiam o processo de produção, circulação e possíveis interpretações. MARINHO defende a ideia de que a língua e a linguagem são nossos objetos de trabalho e são elas que precisam orientar as formulações curriculares. Em seguida, a autora cita Magda Soares e a retrospectiva da constituição do curriculo de Língua Portuguesa, dos anos 50 até os diasi atuais. Um ponto interessantíssimo que eu destaquei da página 46, no segundo parágrafo foi: "Mudanças na sociedade brasileira produzem um movimento que reinvidica a abertura de escola para as classes trabalhadoras... o recrutamento de professores de português passa a ser menos seletivo". O que entendi desta frase foi que com a duplicação dos alunos nos anos primários e a triplicação do ensino médio, ou seja, a classe trabalhadora teve acesso maior à escola, onde somente a classe alta tinha livre acesso, a "qualidade" da educação, caiu. Pois é. Uma vez que os professores eram altamente selecionados para ensinarem os filhos dos ricos, agora, apara ensinar os filhos dos pobres, não havia tanta necessidade do profissional ser capacitado. Isto, me chamou extrema atenção, me fez lembrar a política de curriculo mínimo! "Ensine o mínimo à eles, pois eles não precisão de instrução para exercerem as tarefas criadas para eles." Parece que estou escutando esta frase.  
"O Currículo Mínimo pretende garantir que o ensino, em todas as escolas da rede, siga um padrão básico, que contemple todos os conhecimentos importantes para que o aluno tenha uma formação completa, no sentido de cumprir todos os objetivos da educação básica: preparo para o mundo do trabalho, para os estudos posteriores (universitário) e para a vida, com a sua atuação como cidadão. Com o cumprimento do Currículo Mínimo, o aluno também tem a garantia de estar sendo preparado para avaliações como a Prova Brasil e o Enem.
Os professores têm um documento básico, que orienta o seu planejamento e as suas atividades. Nesse documento, ele encontra compiladas todas as orientações e legislações, estaduais e nacionais, de forma que tem a garantia de que, ao cumprir o Currículo Mínimo, atenderá todas as diretrizes da Educação Básica. Além destas, também as matrizes de referência dos principais exames externos estão contempladas e abarcadas pelo CM."

Me pergunto se isto teria alguma relação com a política de testagem em que estamos mergulhados, onde as crianças são treinadas roboticamente para responderem as questões objetivas dos testes padronizados. Diane Ravitch, em sua obra; " Vida e morte do Grande Sistema Escolar norte americano", cita: "Uma pessoa bem-educada tem uma mente esculpida, moldada pela leitura e pensamento sobre história, ciências, literatura, artes e política. A pessoa bem-educada aprendeu como exlicar suas ideias e ouvir respeitosamente os outros." O questionamento principal é, será que nossos currículos estão preparando nossos alunos para exercitarem seu senso crítico? Nós também temos nos preocupado com a análise e reflexão da língua? Aprendi na última aula que minha visão de gramática estav totalmente equivocada, o que nos prova que por mais que estudemos, nunca sabemos o suficiente. Foi ridículo não saber que a gramática na verdade se encaixa no eixo de análise e reflexão e não de produção textual, regrinhas e mais regrinhas.... Talvez eu não tenha tido um ensino que me mostrasse a verdade, ou talvez, eu não tenha sido estimulada à refletir e à analisar o uso da língua, focando nas regras as quais deveria decorar para concluir as séries escolares. Voltemos à discussão principal. Entendi que devemos antes de tudo conhecer o mecanismo de funcionamento da estrutura das palavras, o ensino de português não é ensinar a falar, porque todos já falamos, mas sim refletir sobre o que você está falando. Tendemos a ensinar primeiro o conceito e depois construirmos o caminho, exercitando-o. Erramos. Porém, repetimos o que aprendemos. O mais indicado seria construir o caminho e depois nomeá-lo, isto é, conceituando-os. Há também a discussão de Língua Portuguesa e Liíngua materna, eu sou totalmente de acordo ao uso de Língua Materna, pois nós já criamos uma outra língua que não é a portuguesa, graças aos nossos ancestrais que deixaram conosco sua rica mistura cultural! "Tentaram", com a Nova Ortografia, nos aproximar mais do português que é usado pelo nosso colonizador, mas... em minha humilde visão, desnecessário. Que se crie logo uma outra língua! Muito mais brasileira e ricamente igual!